Inocência Perdida
Encostado no muro de uma construção
Olhando para o céu
Em seus olhos
Sua mão, em meu cabelo me faz descer
Me manipula, me faz padecer
Um garoto solitário, definido
Uma criança como eu, em perigo
Um anjo com prazo vencido, a tão pouco
Perdendo a inocência
Não sei se agradeço, se por isso faleço
Mas ninguém viu!
Ninguém viu!
A sombra dos muros nos protegendo do sol
O calor de um corpo, eu queria senti-lo?
O pecado nos queimando, a dor me sufocando
Seu rosto, a curiosidade de uma falta de piedade
Que carrego até hoje...
Como um doce, não tinha noção do que eu fazia
Da gravidade do que me induzia
Posso dizer que foi à força?
Posso falar da vergonha que sinto por conta disso?
Posso repetir a mim mesmo, que por causa disso
Sou eu, quando me vejo no espelho
E logo lembro o meu desespero
Tudo que eu queria era um brinquedo
Uma fuga, em silêncio
E agora estou preso... sendo eu o brinquedo
Eu não queria
Eu juro... Eu...
Não queria, eu não precisava ter te seguido
Mas você parecia tão seguro
Parecia que até aquilo iria, iria ser algo o qual eu gostaria
Quando percebi, não havia para onde fugir
Onde estão as janelas, as portas?
Droga, estou numa construção!
E sua mão, apertando as minhas contra a parede
Não havia para onde fugir!
Não...