O MENINO E O ANJO
Imaginação eflúvia da adolescência
solavanca dentro do coração juvenil,
mostrando um anjo na transparência
do arco-íris, sobre um céu de anil.
O menino deseja o anjo e sonha
brincando de esconde-esconde
entre coriscos, na manhã risonha.
Apela o menino, riso responde.
Sobe o anjo uma escada imaginária
ganhando altura no celeste espaço,
sobe o menino seguro nas asas
que o anjo lhe deu, desatando laços.
Rí o anjo, esconde-se em plutão,
aparece e desaparece em marte,
corre o menino por toda a parte,
sobe em vênus, trisca-lhe a mão.
Cansa, para num estofo de nuvem.
Aí surge o anjo resplandecente.
Parece dominado, pensa contente
o menino feliz e encantado.
O vento a nuvem embala,
Estremecida por um trovão,
meteorito ciumento estala,
rasga a nuvem na amplidão.
Ares do sul, chuvas de verão,
gotas desfazendo o sonho,
desejo de amar, manifestação
que não chegou a alcançar.