um arroto
no caroço da noite
espessa e sofrega
e vejo que nada
faz sentido, apodreço,
de um feitiço ambiguo
o ser de um homem,
outro de menino
que se não vira
rima, nem cantiga
é sono e surto
pedra que brilha
num pântano imundo
que minha pele
late com dentes
de vibora, que
meu escuro é eterno
uma gosma, uma ferida...
que tudo virou merda
o fedor é forte,
sem lastro, um arroto
desiludido na janela