um arroto

no caroço da noite

espessa e sofrega

e vejo que nada

faz sentido, apodreço,

de um feitiço ambiguo

o ser de um homem,

outro de menino

que se não vira

rima, nem cantiga

é sono e surto

pedra que brilha

num pântano imundo

que minha pele

late com dentes

de vibora, que

meu escuro é eterno

uma gosma, uma ferida...

que tudo virou merda

o fedor é forte,

sem lastro, um arroto

desiludido na janela

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 02/01/2013
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