LUA

LUA

A Lua com a qual eu coexistia.

Nos tempos idos e gloriosos da minha infância,

A correr solto pelos campos como animal selvagem sem rédeas...

Era como uma bola viva acesa, volitando num cenário de real beleza

De imprescindível, e indefectível encanto as noites enluaradas....

Presente em nossas vidas, presente ímpar da natureza.

E as brisas serenas que de lá provinham, ofereciam versos...

E pintava o São Jorge da nossa imaginação.

A Lua que vejo hoje é bola de pano prosaico,

Pano-de-fundo de um triste cenário adjudicado pelos homens!

Descaracterizada no progresso desmedido e reacionário e imediato.

Corrompida, contaminada, por um capitalismo brutal.

Já não prosa o romantismo de outrora, escassearam os versos...

A deixar de ser, metáfora dos namorados.

Perdeu-se em brilho, pois o Sol também já não é o mesmo.

Perdeu-se, na obscuridade das fuligens e das paixões desfeitas pela usura!

Pelas guerras de tantas bombas atômicas e anatômicas, e outros iguais ultrajes.

E os miasmas nefários que ventam dessas bandas, são deprimidos versos...

Tem embrulhado a Lua, nos oferecendo menos qualidade de vida!

Albérico Silva