Alaúde

Em qual mutante jardim

haverá de se perder

a inocência da flor imaculada?

Que baio cavalo

trará o novo Armagedom

das Maias tabulações?

Quando, o tempo de ranger os dentes

e sofrer as terríveis tribulações?

Quem haverá de conduzir

as pagãs procissões

dos deserdados da morte?

Quem consolará os expulsos da Terra

e quem abrigará os proscritos

dos miltonianos Paraísos Perdidos?

Quem haverá, oh deuses?

As bruxas de Salém?

Os Profetas do Antigo Testamento?

O amansador da Fúria dos Elementos?

Ou apenas o verso caído

do poeta pouco ouvido?

Que esperança tu cantarás

Menestrel do Alaúde?

Que russos girassóis renascerão

nos caminhos do Mundo?

Como tu afastará Creonte barqueiro

e a lança de Longino lanceiro?

Que lirica lira

Orfeu vibrará

para que Odara fique o Canto?

Donde tu trarás os novos Caetanos

que haverão de afastar os Haitis

que ainda nos ameaçam?

E de quais estrelas virão

outra Elis Fascinação?

Quando, Menestrel do Alaúde,

tu nos libertará

desse ataúde?