II ELEGIA DE GUERRA
Vozes ecoam de computadores emocionais
que sonolentos pensam nas histórias
dos avós, profetizando a paz
por dígitos de sinais físicos
e construindo signos nos portais
da glória, em dias de metais finos.
Dormem cinzas que flutuam
com asas de anjo e pendem de
poder nas tranças do calor da fome,
invertendo as cenas e distorcendo
os tinos, roendo os ossos
dos mortos vivos de cristais.
A fumaça negra anuncia,
ao longe, a glória,
com brilhantes letras em neon
e todos cantam a união da morte
com gratidão (harmonia celestial)
divinizados pelos roncos
trepidantes do desejo de roer
em olhos de nenens telepáticos.
Obs.: Elegia publicada no livro Cúmplices, de 1993.