Acende uma vela, Perna Seca
(A.M. 33)
Eu, que andei por este mundo com meus gatos,
Compondo feliz minhas canções a Dulcinéia,
Hoje me encontro prostrado e esquecido , largado,
Em cova rasa, em Anchieta , entregue à alcatéia.
Nem mesmo tenho o alento da companhia de meus pais,
De meus irmãos, sepultados em Cachoeiro,
Roubado que fui, enterrado sem menos, sem mais,
Sem sequer uma lápide a indicar meu paradeiro.
Poeta em vida que fui, tolo que deveria ter atentado,
Que com teu nome só rimam crise, deslize e marquise,
E com o de teu marido, blasfemo, extremo e o próprio demo.
Meu desprezo sentirás a cada noite só e insone, prometo,
Até que devolvas o que não é teu, ouvirás minha voz sem clemência:
Acende ao menos uma vela, perna seca... tenha um pouco de decência.
(A.M. 33)
Eu, que andei por este mundo com meus gatos,
Compondo feliz minhas canções a Dulcinéia,
Hoje me encontro prostrado e esquecido , largado,
Em cova rasa, em Anchieta , entregue à alcatéia.
Nem mesmo tenho o alento da companhia de meus pais,
De meus irmãos, sepultados em Cachoeiro,
Roubado que fui, enterrado sem menos, sem mais,
Sem sequer uma lápide a indicar meu paradeiro.
Poeta em vida que fui, tolo que deveria ter atentado,
Que com teu nome só rimam crise, deslize e marquise,
E com o de teu marido, blasfemo, extremo e o próprio demo.
Meu desprezo sentirás a cada noite só e insone, prometo,
Até que devolvas o que não é teu, ouvirás minha voz sem clemência:
Acende ao menos uma vela, perna seca... tenha um pouco de decência.