Antonimamente
Não, não sinta pena
do tanto da minha saudade
nem do meu poema
Fomos sempre contrariedade:
você desintoxicando e eu sendo a que envenena.
Os desencontros tantos;
enquanto um parte
e o outro vem chegando,
Dessas experiências ao longo dos danos
tenho centenas!
Quero que me olhe,
mesmo eu sendo terra
e você o que chove.
Posso esperar, se te comove,
sem receio,
as nuvens escuras dos teus cabelos
derramarem chuva até que eu me molhe
E mesmo que tuas nuvens secassem
eu continuaria contendo água no subsolo,
te daria se, ao menos, descesses até o meu colo
pra não secar de sofrer nesta estiagem
Um pouco distantes como antônimos,
concluo por primeiras impressões.
E se és chuva e eu terra,
logo, sempre vivo à tua espera
com a ansiedade deveras
dos sertões.