871 Pescador
No ar
um cheiro de peixe
cheiro de lambari
cheiro de pai
chegando da pescaria.
Samburá cheio.
Peixe morto.
Às vezes, alguns vivos.
Na antiga cozinha,
cheiro de peixe
cheiro do pai
preparando-se pala almoçar.
Frigideira repleta
do óleo quente.
Peixe frito.
Às vezes torrado.
No ar
um cheiro de peixe
só o cheiro
sem lambari
sem mais o pai.
Às vezes as lembranças vêm,
outras as pessoas se vão.
Leonardo Lisboa.
Barbacena, 28/11/2000
Poema 871
Caderno: Poesia Efervescente.