Estranha
Nasci estranha,
Com uma alma que não cabe no corpo,
Que tem asas,
Dentro de uma matéria cheia de pés.
E quando sonho,
A alma voa, vive e extaseia-se,
E morre, cada vez, que regressa às grades do corpo.
Nasci estranha,
Metade ave, metade humana;
Selvagem e civilizada.
E quando danço mais do que o corpo,
Este pune a alma
Em uma realidade extática, pequena e inaceitável.
Nasci estranha,
Com a noite e a manhã
Em grande conflito.
Com vontades tão grandes
Que não comportam-se dentro de mim.
Nasci tão estranha,
que esta que olho no espelho
não sou eu