Cidade

Ácida

cidade

Nascem e morrem nas calçadas os novos cidadãos

Na parte sub-límbica Damas oferecem insetos venéreos

Fulge por toda parte a luz mística de imundos ciganos

Não possui linha a palma da cidade

O lobo se enfurece A presa cede

Respiro o ar que me fenece

Não há palma na linha da cidade

Na retina os instintos que se perdem

A libido que cobre paredes de banheiros

O cobre As putas A labuta

A lábia dos contos

Os vigários Os pombos

A gente suja dos meios-fios

Os postes Os fios

Não há mão na palma da cidade

Chicletes nas esquinas

Pivetes Moleques

Milícia que alicia

Meninas sem idade

Cidade Recorta-Cola

Latas de Coca-Cola

Praças de coca

Meninos da cola

Grandes decisões surgem nos mais altos prédios

Sustentados pela argila nordestina

Multifacetada

Multilada

A Multidão

É um rio de ricos afluentes

Na cidade ninguém se conhece

Nos ônibus se roçam

Nos trens Pedintes Ambulantes

Cidade distante

Tão perto de meu peito Sem auscutar meu coração

Cidade surda

Cidade cega

Cidade , chega