MEUS DEUSES

Depois de ser acorrentada,

Presa, tolhida e usada,

Pois escolhi ser amada

Pelos Deuses da Paixão,

Uns gentis, outros não,

Amava cada um a seu jeito,

Sem dar a mim o direito

De escolher o que eu queria,

Sem saber o que colhia

Depois de plantar sementes

Apenas dentro da mente,

Tentando preservar o coração

Da pérfida desilusão

O primeiro deles, Narciso

Muito sério, pouco siso

Pois nenhuma ninfa dispensou

Muitas vezes por mim passou

Vivia a volta com espelhos

Penteando os belos cabelos

Tocando seu próprio corpo

Era um espírito de porco!

Esqueci-me como era belo

E vê-lo? Jamais espero!

O segundo o Deus Apolo

Aquele que mais adoro!

Não apenas pela beleza

Mas também pela esperteza

De me fazer sua amante

Belo rosto, corpo vibrante,

Foi quem me alertou um detalhe:

"Por mais que tente ou trabalhe

Nunca te serei fiel e só teu

Tudo o que tenho é só meu!"

Agradeci a rara sinceridade

E fui-me na indelével saudade...

O terceiro, o ébrio Dionísio

Baco, seria mais preciso

Misturava-me com seu vinho

Entre uvas e azevinho

Nem percebia quem eu era

Nem se lembrava o que se dera

Na noite anterior

Se fora paixão ou amor

Não saberia responder

E como deu pra me esquecer

Ah, dele resolvi me livrar,

Antes de chegar ao altar!

Hoje meu Deus é bem outro

Eros vive qual maroto

Dentro do meu coração

Livrou-me da escuridão

De uma mente depravada

Mostrando-me como é errada

Esta filosofia demente

De se amar com só com a mente:

Amor, quer você queira quer não

Só se for de coração...

Franz Znarf
Enviado por Franz Znarf em 26/12/2012
Código do texto: T4053345
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