Nervura

é dolorido saber

que no vasto desse

mundo ainda há morte

de fome e injustiça,

mesmo sabendo

que todos são iguais,

Morre, caga e mija!

e o centro do corpo pulsa

como a viscera de uma cadela

no cio, que cheirando

a sangue, numa entalada

agonia, cumpre seu destino,

E à vida, se anuncia...

e meu estômago preso

a um mundo sulforoso,

embaixo desse céu

inefàvel de azul , grita pelo

reino do amor...

pede na embacadura da noite

um outro tipo de canção

não essa já gasta, forjada

nas tripas do medo e da solidão

mas aquela outra, mais imprecisa...

("da nervura do coração")

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 25/12/2012
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