da cor da hipocrisia
No final da rua há sim a casa velha
cujos moradores morreram ou já
partiram, tem apenas suas sombras,
fatos indecididos, que nas suas
paredes foram fundidos, barulhos
de mortos, nódua esmaecida
encravado em seus tijolos:
"mascaras que foram vencidas..."
não há mais aquelas vozes,
que coloria seu quintal,
nem a alegria, que nos conduzia
a um colorido sumo estival
Não tem nada, somente o tempo
e seu estrago, um gole de veneno
que o desgosto foi colocando
por dentro, que amarga suas paredes,
sua calçada e aposentos,
e por mais que eu tente, não existe
o que tinha, o que existe agora
é tuba de mortos, uma coisa
tenebrosa. dar cor da hipocrisia...