LABIRINTO
MOTE:
“Sê sensata, Ariadne!
Tens orelhas pequenas, tens as minhas orelhas:
acolhe nelas uma palavra sagaz!
Não há que odiar primeiro, antes de amar? ...
Eu sou teu labirinto...”
Nietzsche
Porque abriste a porta e entraste, bela Pandora?
Por que logo depois, abandonaste em debandada a minha casa?
Teria ouvido rangidos e pressentido a sua queda iminente?
Deixaste tudo em ruínas
Não te pedi para entrar
Não te pedi para sair
Mas olho pela janela e somente vejo a velha estrada além do jardim
E no horizonte vejo o ponto em que se transformaste
Daqui não sei dizer se voltas ou se afastas. Embora saiba que se afastas
Voltaste a ser um ponto? Como? Que rapidez...
Mas num ponto tudo o que existe se resume
O ponto contem todos os absurdos e esperanças do mundo
Afinal, não já fora o universo um ponto?
Venha cá meu ponto inflamado
Sou eu que a chamo. Me escutas?
Não...vai longe, já se confunde com o horizonte
Fecho a janela, e tento dormir, mesmo sendo meio-dia, tento dormir.
Conseguiras fugir de ti mesmo, triste Ofélia?