LABIRINTO

MOTE:

“Sê sensata, Ariadne!

Tens orelhas pequenas, tens as minhas orelhas:

acolhe nelas uma palavra sagaz!

Não há que odiar primeiro, antes de amar? ...

Eu sou teu labirinto...”

Nietzsche

Porque abriste a porta e entraste, bela Pandora?

Por que logo depois, abandonaste em debandada a minha casa?

Teria ouvido rangidos e pressentido a sua queda iminente?

Deixaste tudo em ruínas

Não te pedi para entrar

Não te pedi para sair

Mas olho pela janela e somente vejo a velha estrada além do jardim

E no horizonte vejo o ponto em que se transformaste

Daqui não sei dizer se voltas ou se afastas. Embora saiba que se afastas

Voltaste a ser um ponto? Como? Que rapidez...

Mas num ponto tudo o que existe se resume

O ponto contem todos os absurdos e esperanças do mundo

Afinal, não já fora o universo um ponto?

Venha cá meu ponto inflamado

Sou eu que a chamo. Me escutas?

Não...vai longe, já se confunde com o horizonte

Fecho a janela, e tento dormir, mesmo sendo meio-dia, tento dormir.

Conseguiras fugir de ti mesmo, triste Ofélia?

Luciano Moreno
Enviado por Luciano Moreno em 24/12/2012
Reeditado em 27/12/2012
Código do texto: T4051628
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.