evocação da rua grijalva costa
um amigo tocando let it be
num tecladinho
de duas (ou três) oitavas
na calçada de casa
a trave de tijolo vermelho
(ou chinelo)
e uma bola comprada – de vaquinha!
com o esforço da turma
papéis coloridos e cola
lata de leite em pó vazia para enrolar a linha
– ou para ser um carrinho, com ajuda de um barbante –
resina e vidro pisado sem medo ou remorso
– e um céu para conquistar!
o ping pong improvisado com ataduras
no chão do quarto
o gol imaginário no muro do prédio vizinho
que antes fora um terreno baldio
cheio de mamonas, carrapichos, urtigas e calangos
– ah, essas imagens me fazem recordar o gosto azedo
[dos tamarindos!
carrinhos de rolimã patinetes de rolamentos
muitas brincadeiras imaginárias de esconder
achar e correr e pular e viver e sonhar
o céu era pequeno aos olhos da gente
que um dia foi menino
nas calçadas da rua grijalva costa.
(aos meus grandes e eternos amigos de infância e da vida inteira, everton, davy, danilo e alysson, com imenso carinho.)