CORUJA
No fim da tarde
Quase início da noite (a noite já é dos românticos...)
recebo,despercebido, a visita de um coruja
Com seus olhos enormes e caudalosos
Para ante mim em uma árvore.
E estática sem mexer sequer o olho me encara friamente
Encarou-a também de olhar terno e enigmático
E fico assim por um longo tempo...
Parece que quer me dizer algo
Me mostrar
Me dizer não sei o que
Profundamente nos olhamos
Me bateu nesse instante
uma angústia tremenda
Não suportei mais seus olhos enormes sobre mim
mas não conseguia ao contrário deixar de não olhar para ela
Que me sorria
Me dissecava
me iludia
Meu corpo tremia
o mundo inteiro parou e me vi transtornado com aqueles olhos enormes
que me pedia
que me exigia
o que não sei
só sentia que deveria fazer algo diante daquele olhar tremendo
mas não sabia bem o que fazer
Sair talvez dali e fugir
Sair correndo
Queria algo aquele olhar....meu coração...meu pensamento....percorreu milhões de milhas em busca...
Voltei, no entanto, ao mesmo ponto: o não saber
Por que a coruja ali me vendo me avaliando?
Coruja, por que me persegues tanto?
Por que a coruja?