CORUJA

No fim da tarde

Quase início da noite (a noite já é dos românticos...)

recebo,despercebido, a visita de um coruja

Com seus olhos enormes e caudalosos

Para ante mim em uma árvore.

E estática sem mexer sequer o olho me encara friamente

Encarou-a também de olhar terno e enigmático

E fico assim por um longo tempo...

Parece que quer me dizer algo

Me mostrar

Me dizer não sei o que

Profundamente nos olhamos

Me bateu nesse instante

uma angústia tremenda

Não suportei mais seus olhos enormes sobre mim

mas não conseguia ao contrário deixar de não olhar para ela

Que me sorria

Me dissecava

me iludia

Meu corpo tremia

o mundo inteiro parou e me vi transtornado com aqueles olhos enormes

que me pedia

que me exigia

o que não sei

só sentia que deveria fazer algo diante daquele olhar tremendo

mas não sabia bem o que fazer

Sair talvez dali e fugir

Sair correndo

Queria algo aquele olhar....meu coração...meu pensamento....percorreu milhões de milhas em busca...

Voltei, no entanto, ao mesmo ponto: o não saber

Por que a coruja ali me vendo me avaliando?

Coruja, por que me persegues tanto?

Por que a coruja?

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 23/12/2012
Código do texto: T4050069
Classificação de conteúdo: seguro