#129
E eu, metido a poeta
Vivo apanhando das palavras que digo
Eu que nunca mereci este adjetivo
Ser chamado de escritor
Surpreendo-me tanto quanto qualquer um
Quando vejo um verso meu acabado
Mas tentar domar as palavras é tão perigoso
Quanto qualquer animal feroz
Ainda pior, uma palavra não morre
E pode vim se vingar muito tempo depois
Eu metido a poeta,
Ainda vivo me cortando com algumas
Quando vão ou quando voltam
É que elas nunca te libertam
Por mais bonitas e bem intencionadas que sejam
Elas nunca te soltam