A Dor do BEM
E foi assim
Nesse impasse
Nessa maré sem maré
Que o meu barco perdeu-se
Sem deus
Sem eu
E sem fé
E foi depois do final
Na curva do fim do mundo
Que o meu amor se inibiu
Deixou de ser meu motriz
E cada coisa passou
Cada espécie morreu
Cada sonhar se apagou
Cada vulcão se extinguiu
E foi assim sem crescer
Que a evolução hibernou
Que o sol do Santo Verão
Virou uma vela e apagou-se
E assim que o doce do engenho
Tornou-se sal no sertão
E assim que o meu coração
Feito um açude secou
E foi assim que passou
O tempo que não tem fim
E foi assim que em mim
Tudo tomou seu lugar
Cada gaiola se abriu
Cada sanhaço cantou
E foi assim que acabou
O filme que ninguém viu.