#128

De volta ao velho caderno

Que ficou meio de lado nessa correria

Ele já está todo surrado

Lembro que pegava nele todo dia

Escrevia tanto

E tudo ficava registrado de forma material

Aquelas palavras criavam vida própria

Hoje nessa pressa do mundo ser ligeiro

Tudo vira digital

No papel

O verso tem forma, tem peso, tem volume,

E até mesmo odor

No papel todos os versos são concretos

Até mesmo os que falam do amor

Todo verso tem vida

Até quando falam de morte

Todo verso pode ser medido

Até quando falam de sorte

Pois o poeta depositou naquele papel

Não apenas sua mente

Nele contém suas digitais, suor, cabelos,

E as células epiteliais

O papel carrega o verso com forma,

Com cheiro e com sabor

Pois além das ideias

Leva também um pedaço do seu escritor.

lukendas
Enviado por lukendas em 22/12/2012
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