#128
De volta ao velho caderno
Que ficou meio de lado nessa correria
Ele já está todo surrado
Lembro que pegava nele todo dia
Escrevia tanto
E tudo ficava registrado de forma material
Aquelas palavras criavam vida própria
Hoje nessa pressa do mundo ser ligeiro
Tudo vira digital
No papel
O verso tem forma, tem peso, tem volume,
E até mesmo odor
No papel todos os versos são concretos
Até mesmo os que falam do amor
Todo verso tem vida
Até quando falam de morte
Todo verso pode ser medido
Até quando falam de sorte
Pois o poeta depositou naquele papel
Não apenas sua mente
Nele contém suas digitais, suor, cabelos,
E as células epiteliais
O papel carrega o verso com forma,
Com cheiro e com sabor
Pois além das ideias
Leva também um pedaço do seu escritor.