ESPETÁCULO
Desapontado o dia olhou a noite
E perguntou assustado sem freios:
Oh, noite, o que é que te faz tão faceira
E os poetas todos te cantam e te encenam em telas?
A tarde sem rodeios beijou o dia e acenou com adoração
No que a Noite respondeu: Oh, dia, não sei, estou aqui quando
Tu permites o encantamento do teu findar e fico a esperar num canto
O dia num gesto de desilusão
Postou o sol em fim de linha
Num horizonte perdido lindo
E ainda assim não contente
Pastoreou a beleza noturna
Abandonando o Sol taciturno
A noite despreocupada vinha
Tarde enfim após o dia gerado
Julgado pela aspereza tão diurna
Abriu a cortina da sua rara janela
Costurou filete de estrelas nos Céus
Conversou com as filhas Nuvens Aflitas
Despencando A Rainha Lua num Abismo de Show...