TURBILHÃO DO SER
A loucura do existir
me faz ser um mundo,
onde a caoticidade é a propriedade adâmica que me forma.
Não poderia não o ser assim,
pois a racionalidade é fria, é calma,
e prefiro o turbilhão, a enxurrada
de água suja que desce ladeira abaixo
levando sonhos e corpos para aquém, além mais.
Ser certo não me deixa alegre. A fantasia está na possibilidade de ser
isso: imaginação sempre.
Ser exército de um homem só...
Ocultar a agonia de ser uma caixa abarrotada, pronta para derramar,
mas interno.
O outro exige de mim seriedade e justeza. Cogito, no entanto, o caminhar sobre pregos.
O sobrevoar campos sem asas. Quero ser o assombro. O exótico. a cor que excita.
O mundo seria menos mundo se o existir não fosse uma loucura.
A paz não é necessariamente a paz.
A tranquilidade do ser em ser deve sempre ser quebrada em nome da harmonia.
O avesso da harmonia não deve ser a desarmonia. A tensão do olhar reprovador me excita...me deixa em fogo, em brasa.
O espiar o que deveria ficar oculto, segredo para os impuros: isso me acalma.
A loucura está no existir...ao tentarmos humanizar o que já é: paradoxo do homem.
O parado não é o estático.
A morte não é o sair de cena.
A vida não deve ser a calma.
O homem sim esse é o homem.
Turbilhão do ser.