TURBILHÃO DO SER

A loucura do existir

me faz ser um mundo,

onde a caoticidade é a propriedade adâmica que me forma.

Não poderia não o ser assim,

pois a racionalidade é fria, é calma,

e prefiro o turbilhão, a enxurrada

de água suja que desce ladeira abaixo

levando sonhos e corpos para aquém, além mais.

Ser certo não me deixa alegre. A fantasia está na possibilidade de ser

isso: imaginação sempre.

Ser exército de um homem só...

Ocultar a agonia de ser uma caixa abarrotada, pronta para derramar,

mas interno.

O outro exige de mim seriedade e justeza. Cogito, no entanto, o caminhar sobre pregos.

O sobrevoar campos sem asas. Quero ser o assombro. O exótico. a cor que excita.

O mundo seria menos mundo se o existir não fosse uma loucura.

A paz não é necessariamente a paz.

A tranquilidade do ser em ser deve sempre ser quebrada em nome da harmonia.

O avesso da harmonia não deve ser a desarmonia. A tensão do olhar reprovador me excita...me deixa em fogo, em brasa.

O espiar o que deveria ficar oculto, segredo para os impuros: isso me acalma.

A loucura está no existir...ao tentarmos humanizar o que já é: paradoxo do homem.

O parado não é o estático.

A morte não é o sair de cena.

A vida não deve ser a calma.

O homem sim esse é o homem.

Turbilhão do ser.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 20/12/2012
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