Amanhã?...
Diga-me, por que, Amanhã?
Quem te criou e lançou, assim,
Como se , de fato, existisses?
Ah, doce quimera do porvir,
Falsa esperança
Dos que não sabem sentir!...
Por que, Amanhã,
Quando o ontem ainda grita seu sentido,
Sem ser lembrado, sem ser ouvido,
Sem que nada, ou quase nada
Tenha sido aprendido?
Nossa história vagueia
Pelo tempo,
Sem presente, passado e sem momento,
E no fundo, no fundo, em segredo,
Ansiamos o fim desse tormento!
Por que, Amanhã,
Quando o hoje passa,
Sem anseios, sem festas, sem nada,
E quase ninguém vê
Ou se importa,
Ou deseja viver?
Ah, o amanhã, a ameaça, o medo,
O acordar abrupto de um sonho sem fim,
Capítulos mal-escritos de um drama chinfrim,
Pois amanhã, não estarei mais em mim,
Amanhã será tarde para viver...
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