Sobras de um adultério

Minhas emoções agora gritam euforicamente,

tão alto que temo pelo transtorno causado à minha razão,

pois com tal ruído até as paredes da minha sanidade tremer-se-ão.

E temo que não haja, em mim, escolta protetora a isso suficiente.

Por deus! Que eu consiga afogar todas as mágoas a tempo

no mar tempetuoso e denso da minha hipocrisia.

Que eu seja rápida e ágil ao sufocar também aquela sórdida alegria

no ermo infrutífero e moralmente paradisíaco do meu desalento.

Que eu seja também julgada correta;

e que meus desejos e medos permaneçam calados.

Depois do golpe baixo que lhes dei, coitados!

Está morta qualquer coisa que os sentires me afeta.

Perfeição, auto-satifação... Eu seria a mulher perfeita.

Se neste momento não tivesse meu batom borrado pelo pecado;

meu vestido pela vingança todo manchado

e meu homem morto pelo movimento odioso da minha mão direita.

Em prol dos valores que me foram passados

tive meu nome e vida jogados plenamente ao ar.

E vejo minha silhueta ainda jovem de joelhos num altar;

dessa vez sem o "aceito" e os sorrisos pela mentira amarelados.

Apenas uma súplica por sentido, por vida ou motivo,

p'ra seguir sem aquele ao qual dediquei meu amor, alma e virgindade;

o qual matei em nome de nossa prole e sobrenome sem piedade,

pois sem ele sou apenas o vazio do meu instinto possessivo...

Duda Checa
Enviado por Duda Checa em 19/12/2012
Reeditado em 19/12/2012
Código do texto: T4042973
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