MUNDÃO
mundo grande,
mundão velho sem porteiras,
deixai a cancela aberta
pra no teu chão
estrelas brilharem
assim como brilha toda a lua cheia
mundão grande sem porteiras,
mundo velho,
deixai a cancela aberta
pr’eu saber
em quais sapatos calos se ajustam,
em qual barriga a fome espora
nessas porteiras
[rangidas]
que mal passa uma monta,
foram-se os ouvidos, os andares pangarés,
os cascos
[aos pouco]
passos
de quem trota ou manca
pela picada aberta
desta vida
de caminhos, agora, sem trilhas...
a cancela está aberta:
deixai-me abrir toda a porta!...