INSÔNIA.
Amador Filho.
A noite está apavorantemente escura
Provocando-me uma cruel tortura,
Que me incomoda e me deixa aflito!
A insônia é minha companheira sombria,
Nesta hora de negra e torturante agonia,
Sufocando no meu peito, o retumbante grito.
Como eu queria poder desabafar,
Neste tristonho e dolorido cantar,
Num protesto eloquente e de granito,
Toda angustia toda mágoa, toda dor,
Toda desesperança, desencanto e amargor,
Que me faz um ser desgraçado, um proscrito.
As horas passam e o meu desencanto
É tão cruel que me remete a copioso pranto,
E me leva a analisar o suposto delito
Que me persegue, obstinado e violento,
Produzindo este terrível sofrimento,
Deixando no meu ser, um profundo conflito.
Na noite quente minha esperança vagueia,
Está tão distante, desolada, tão alheia,
Sem forças para enviar ao infinito
Uma súplica, um pedido uma oração,
Deste desastrado e vulnerável coração,
Que se sente um predestinado precito.
Prossegue a noite em lânguidos gemidos
Do meu ser, ao recordar os tempos idos,
Quando eu imaginava que tudo estava escrito
Para ter um futuro grandioso e fecundo,
Com um amor eloquente e profundo.
Mas meu viver é um sofrer maldito.
Santa Luz, 21 de outubro de 2012.
4.26 horas.