DE NOVO
Ele estava sorrindo naquele dia
Quando foi agredido
De novo
Depois de muitos “de novo” na vida.
Menino chorou
Sangrou
Tristemente olhou
Suplicou
Um pedido.
Era uma mão estendida daquele que naquele dia sorria
E agora chorava contido
Reprimido
Ofendido
Na alma pura de infância.
Corria pela rua afugentado
Assustado
Apavorado
Coração algemado.
Ele amanheceu sorrindo naquele dia
Agora chorava
De novo
E de novo
E de novo.
Todo dia assim o era
Menino sozinho
Sem caminho
Esperançoso
A espera.
Noite cai sem um sorriso novo
De novo.
Menino dorme acordado
Desanimado
Desalmado
Acuado.
Enrolado num canto qualquer
Fecha os olhos
Sono sem sonho
Tristonho
Sem novo dia
Nem alegria
De novo
E de novo
E de novo...