Das coisas que eu não sei...

Eu não acredito em “santos".

Esses, fabricados nas “igrejas” dos homens.

Pois se eu acreditasse… teria eu que santificar a minha mãe.

Teria que santificar todas as mães quando tudo, eu disse tudo, fazem por seus filhos.

E teria que santificar todos os bichos, sem excepção.

E o Chico Xavier e o Mater Luther King, o Mandela, a Teresa de Caucutá…

A linda Cora Coralina, o Fernando Pessoa, o Shindler, o Gandhi…

Teria que santificar-me também em alguns momentos onde a minha luz apagou-se…

E não feri a ninguém, senão à mim memsma.

E aos meus filhos… mas involuntariamente.

Sou muito auto-crítia: Eu não santificaria-me, pensando melhor.

Há umas outras tantas coisas.

Mas santificaria todos os pais desempregados e embriagados…

Desesperados por não terem o que levar aos seus tantos filhos.

Essa desordem social… essa falta de Educação… Valha-me Deus!

Santificaria eu o sol, que nasce para todos e todos os dias!

E assim, a lua e todas as estrelas!

A chuva que molha os campos, sem “dono” ou com – Igualmente.

Santificaria todos os bichinhos da natureza que tomam conta para nós…

Da nossa fauna e flora.

Nós não sabemos tomar conta disso… nem disso.

O fato é que andamos de mãos dadas com nossos “santos” e “demônios”.

Basta que observemos a dicotomia que há entre o nosso discurso e a nossa prática:

Uns, numa menor proporção… outros, numa maior.

Mas todos nós, coitados, presinhos à nossa pequenez humana.

Concorrendo no “quem leva mais fiéis” para a sua igreja”.

Eu não acredito em "santos".

Mas acredito na Maria, Mãe de Jesus… mulher forte e contida.

Um exemplo que ninguém consegue seguir.

Eu não consigo… porque teria eu que silenciar e largar umas tantas coisas que a minha condição de humana e imunda me impinge.

Não… eu não santificaria-me, de fato!

Essa coisa de “santo” é coisa de homem.

Eu não acredito no homem.

E tem dias que não acredito nem em mim mesma.

No que eu, por vezes, sou capaz de fazer e pensar.

Acredito em Deus e no "demônio".

Nesses, eu acredito.

Não há como acreditar num e desacreditar no outro.

Deus… eu sinto-o sempre. Basta que eu olhe à minha volta!

Ele continua residindo, humildemente, nas coisas mais simples,

Como num pouso de beija-flor, no olhar do meu cãozinho...

O "demônio"… reside na nossa dualidade humana.

Entre o “hoje vou ser bom” e o “isso eu não perdoo”.

E o perdão… não sei muito falar sobre ele.

Apenas sei que é um exercício cotidiano e dificílimo.

Escadaria que nos leva para pertinho de Deus.

Não… eu não santificaria-me.

Não... Eu não acredito em "santos".

Karla Mello

18 de Dezembro de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 17/12/2012
Reeditado em 28/12/2012
Código do texto: T4040901
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