CARMA
Toco em tua alma
com uma agulha
que, de tão doce,
nem parece letal
e te faço tanto bem
fazendo-te tanto mal
e te agradas disso
como se bom fosse.
E me vanglorio
de ser teu, apenas teu,
e tu és minha
unicamente
e nesta simbiose somos
não meio, mas inteiros
corpos e almas
tão somente.
E me possuo
com tuas mãos
e mexo, vibro
meu próprio corpo
para que tenha você
mais perto mais dentro
para que tenha você
tão nítida em mim
sem grade, sem muro,
como uma sombra
no escuro.
1993