PRAÇA CHORA MENINO
Sentado na praça
Não ouço vozes.
Sentado a praça espero não sei bem o que.
Ou sei, pois algo concreto quero.
Olho para todos os lados em busca sempre de um olhar
Que me queira
Que me analise
Que me deseje
Um algo que naquele instante desejado
possa me dizer o motivo de estar na praça
parado, pensante, em busca.
Desejos não meus
Me olham
Não me pedem nada.
Talvez a obrigação de ir à busca me faça ficar aqui estático.
Sinto uma paz no mundo sem correspondência em mim.
Estou frenético
Quero aproveitar as amarras soltas
Quero aproveitar a ausência do chicote chamado vida
para brindar na vida
com minha paralisia na praça.
Todos sumiram. Há passantes, apenas. Estou só. Ou sou só?
Os poucos que me olham me vigiam
Porque o medo ronda o mundo.
Porque o mundo é o medo.
Buscar deve ser a ação prioritária do homem.
E fazemos isso muitas vezes sem perceber
Mas hoje sentado na praça
Choro, pois quero.
É um desejo objetivo,
Direto e real.
Acalentado por sonhos perdidos
Quedas,
Vida não vivida.
É como se a praça dissesse: _chora, menino. Pois és conflito
Ebulição,
Querer inumano.
Como se ela me mostrasse os seus limites
E me pedisse:_ultrapasse os teus. Estou presa. Tu não.
Se não vais, então, chora, menino.
Menino, sim, pois
Sentado na raça não me sinto homem adulto...neste momento
Sinto-me menino que quer chorar.
Talvez seja o estar nesta praça, o motivo de querer chorar.
_Chora, menino...repete a praça.
Se quisesse poderia me levantar
Vários caminhos circundam a praça,
Porém uma obrigação de chorar me deixa
Sentado calado
Confuso de mim