UNS tais braços.
- Mas... o que ela tanto tem?
- Não sei dizer, ela tem uns braços...
Essa era a tua resposta quando lhe questionavam sobre a pessoa amada.
Em todos os lugares perseguia ela vidrado em seus braços. Eram longos. Bonitos.
Brancos. Fortes.
Não sabia mais o que dizer. Olhava por horas o modo como ela se movia, como vestia a roupa, como levantava os talheres a boca, como arrumava o cabelo estranhamente, como tinha mania de se espreguiçar toda vez que algo a enfadava... e aqueles braços faziam ótimos movimentos circulares.
- Tantas partes para você observar, vai gostar logo dos braços?
Ninguem sabia a beleza que destilava do levantar e descer dos tais braços, era algo magico, parecia que a cada movimento, um fiapo de riacho nascia, e seu coração cada dia batia mais forte . Durante muitas madrugadas, levantava, com seu lápis e caderno em mãos, começava a fazer rabiscos, e na sua insônia atordoante, cheio do silêncio negro da hora, via que traçava os braços dela, e com uma delicadeza emocionante...
Uma vez, levantou ofegante por causa de um sonho, se vestiu rapidamente e correu até onde ela estava. Quase sem respirar, quando olhou aqueles olhos brilhantes de fantasias e medos, beijou cada pedaço da carne do braço, mordiscou ouvindo os risos que causava nela, sentiu pelo por pelo arrepiado, levantou a cabeça e beijou ternamente aquela boca macia e leve.
Foi embora mais suave, pronto para começar o seu dia. Tinha dessas coisas, dessas tensões, e enquanto não sentia o gosto dela, não conseguia pensar em outras coisas, nem em outros movimentos senão daqueles braços abstratos e feitos de magia.