FRIA MUSA

Em sua natureza morta,

Sempre impassível, imóvel,

Nunca se move porque quer,

Só sob uma força externa qualquer!

Sempre fria, muda, impessoal,...

A pedra é assento para o bom e o mau;

A golpe de picareta divide-se em múltiplas facetas!

Sua sina quis pô-la “no meio do caminho” do Poeta

E para sempre “ferir suas retinas tão fatigadas”!

Estava escrito na sua sorte

Ser musa metafórica da vida e da morte!

Musa pedra real tu desconheces o Bem e o Mal,

Mas o Poeta Engenheiro garantiu aprendizado certeiro

Na “Educação pela pedra” se “... frequentá-la/

Captar sua inefática e impessoal voz /...”!

“Pedra de Roseta” possui nos hieróglifos os mistérios do Egito,

Os quais Champollion decifrou os seus mitos!

“Pedra de Hamurabi”: Olho por olho dente por dente!

Essa Lei hoje não mais cabe!

A “Pedra dos Dez mandamentos.”

Moises, o profeta, recebeu-os lá no Sinai.

Todos temos pedras no caminho,

São pedras duras, reias,

Aquelas que se alguém tropeçar

Faz estrago na cabeça do dedão,

Levando-nos a proferir mil ais;

Agora, as pedras dos poetas são de outra natureza:

São abstratas e quem nelas tropeça fere a alma, o coração;

Qual a pedra que feriu meu peito,

Deixando-me assim triste deste jeito!

Mais tristes são as pedras ao pé de uma cruz

Dizendo que ali jaz um irmão de Jesus.

A pedra que marcou uma nova Era

Foi quando o homem ainda quase fera

Transformou pedra em roda,

Daí em diante a pedra virou moda.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 16/12/2012
Código do texto: T4038690
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