GAROTO-PASSARINHO

O garoto-passarinho brincava

Brilhava o sorriso na face cristalina

Deitava na grama fofa

Vida solta, que a culpa não domina

Ecoa a voz pelo quintal

Reprime o vivaz menino

No sacro lar dos inertes

Soa estridente o sino

Alarmado, esconde o sorriso

Felicidade some no rosto esquivo

Pois mesmo contrariado

Não quer brigar sem motivo

Lustra o sujo mocassim

“Assim parece gente!” – dizem-no

Com passos encurtados

Caminha o passarinho

Não é sua natureza

Prefere os pés descalços a roupa fina,

aos bons modos ou a rotina.

Pede a benção ao pai

Que só lhe estende a mão

Anda por tudo cansado

Mal lhe dá atenção

Ele não se comporta

Vai, de bom grado, à palmatória

E como nos demais dias

Repete-se a mesma história

Os meninos riem lá fora

Seu coração esquenta de alegria

A mãe se distrai um momento

Enquanto o garoto fugia

Vivo no espaço

Sente o vento frio no rosto

Correndo o passarinho

Agora de peito exposto

Com gosto, abriu os braços

Que lhe pareciam asas

Estava feliz de novo

Afastando-se de casa

A vida de privações

À sua alma era esmola

Pois não era passarinho

De ficar preso em gaiola.

Deperiret Sonus
Enviado por Deperiret Sonus em 15/12/2012
Reeditado em 22/12/2012
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