FALE-ME
Só te peço um instante
o necessário... que te faça refletir
sobre teus dias, teus momentos
olha-me, fale-me
despejes os teus furacões
cheios de intensões
conturbadoras, sem ritmos alinhados
perdidos e assolados, devassados...
olhe-me, fale-me
dos teus sentimentos
oriundos e sem complementos
que borbulhas efervescentes
procurando uma causa,
procurando um culpado
uma transgressão, motivos
um grande pecado...
não há delitos
não há caminhos errôneos
não há suspeitos
só um largo caminho
incomum, insólito
onde tuas escolhas
alheadas e indiferentes,
ditam tuas infelicidades
teus aceites forasteiros
rebeldes, indômitos, selvagens
olhe-me, fale-me
tuas falácias baratas
sem perfis e sem graça
mostre-me o que te confundes
que te mata...
olhe-me, fale-me
mas seja você
pelo menos uma vez
deixe-me ver
como tu és
olhe-me fundo
aos meus olhos
fale-me com calma
fale-me sereno
sou teus ouvidos
fale-me...por favor, fale-me...
Romulo Marinho