RIO AMANTE
[Azar o seu que só fabrica ogivas e não aprende rapel]
Minha água é cristalina
De um bom olho sou nascente
Vou seguindo a minha sina
Vislumbro, alegre sol poente
Não me atenho às pedras, passo
e às margens, florejantes em cores
sou amante, me apaixono e grasso
ampliando meu espaço de amores
Eu rumo no curso com percalço
Vou na curva, tortuosa e sublime
Busco o mar, vivo no seu encalço
chego à foz, que me comprime
Pela manhã eu repouso no remanso
Em águas doces, sou rio cauteloso
Deito quieto, o meu leito manso
À espera do poeta portentoso.
Às tardes dou-me ao sol, companhia
de poente amarelado flamejante
Que amorna meu colo de poesia
E torna minha passagem radiante
Nas noites tenho o luar em sustento
Digo às estrelas que sigo amando
Em descobertas de raro momento
Faço amor, assim vou estuando