RIO AMANTE

[Azar o seu que só fabrica ogivas e não aprende rapel]

Minha água é cristalina

De um bom olho sou nascente

Vou seguindo a minha sina

Vislumbro, alegre sol poente

Não me atenho às pedras, passo

e às margens, florejantes em cores

sou amante, me apaixono e grasso

ampliando meu espaço de amores

Eu rumo no curso com percalço

Vou na curva, tortuosa e sublime

Busco o mar, vivo no seu encalço

chego à foz, que me comprime

Pela manhã eu repouso no remanso

Em águas doces, sou rio cauteloso

Deito quieto, o meu leito manso

À espera do poeta portentoso.

Às tardes dou-me ao sol, companhia

de poente amarelado flamejante

Que amorna meu colo de poesia

E torna minha passagem radiante

Nas noites tenho o luar em sustento

Digo às estrelas que sigo amando

Em descobertas de raro momento

Faço amor, assim vou estuando

Lili Maia
Enviado por Lili Maia em 05/08/2005
Reeditado em 08/08/2005
Código do texto: T40372
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