De meia tigela, mas sou poeta!


Quero escrever, apenas,
sem limitações em mente.
Confesso meus dilemas,
e o que vier a frente.

Senão serei um enjoado,
a olhar, no estilo, a pureza,
sem a emoção dos bardos,
e só pensando em grandeza.

Procuro escrever certo,
contornar os receios,
e sempre sair de perto
da tentação dos recheios.

Sempre escrevo, rasgo,
e as vezes perco a noção.
Quando sinto engasgo,
da parada corro não.

Se me sentir um paspalho,
sem encontrar uma musa,
sou carta fora do baralho,
minha mente desparafusa!

Sou poeta sem interesse
em demonstrar meu valor,
e minha poesia cresce
com a emoção do amor...

De pompa faço dieta,
soberba, debaixo dos pés!
desafeto não me afeta,
olho pra ele de revés!

Próximo da meia-idade,
jogo vaidades pela janela.
Quero apenas sincera amizade
e boa comida de panela!

Agora quero duvidar e sorrir.
Será que minha poesia odeiam?
Respondo: sou poeta e escrevo aqui!
Mesmo que ler não queiram!