DELÍRIO
É como se eu pudesse
invocar-te uma prece
e no meio da confusão
achar paz no coração.
E na paz encontrar-te-ia
absorta em mel e flor
inocente ante á vida
indiferente a qualquer dor.
E pudesse sorver de ti própria
e sentir e gostar e gozar
deste momento ímpar.
E pudesse me esquecer
e sorrir e chorar
e morrer pra viver.
Como seu eu invocasse
um pedido meio sem sentido:
"Olha pra frente
enxerga o perigo:
Esquece que sou teu amigo.
Descubra em mim um amor".
Teu amor.
06 de Janeiro de 1992