FALTA
Nós não vivemos:
passamos pela vida
num vício pagão.
Estendemos a mão...
A quem, a quem ?!?!
A ninguém!
Não temos sonho
e o pé é plantado
no chão,
brigamos na frente
da televisão.
Choramos, gritamos
por um mundo são
mas sabemos que o grito
é em vão,
vão, vão, vão...
Vão-se os dedos,
os anéis e as mãos,
as mães, o copo de vinho
e o maço de pães.
Vai-se a vida
vida-vitrine
vida-cine.
Não há quem ilumine
essa passagem,
essa viagem...
24 de Janeiro de 1992