BRASIL
Andamos pelas ruas
com pés no chão
e almas nuas.
Não vemos o fim,
a calçada, o meio-fio.
Andamos num rio
sem leito, sem foz.
Somos vítimas de um
mundo atroz
e nem sabemos
o que vem após.
Se é que há após,
depois, além.
Andamos nos trilhos
de um grande trem
que nos arrasta, esmaga
e esquece.
nascemos e vivemos nos trilhos,
mas morremos dormentes.
Somos indigentes.
E a vida não é diferente
daquela dos nossos pais.
Somos mar e navio, mas
não temos cais.
Sofremos demais.
Andamos nos ais,
com pés descalços
e almas descamisadas.
Somos
TUDO
dentro de um mundo
de nada.
12 de Fevereiro de 1992