BRASIL

Andamos pelas ruas

com pés no chão

e almas nuas.

Não vemos o fim,

a calçada, o meio-fio.

Andamos num rio

sem leito, sem foz.

Somos vítimas de um

mundo atroz

e nem sabemos

o que vem após.

Se é que há após,

depois, além.

Andamos nos trilhos

de um grande trem

que nos arrasta, esmaga

e esquece.

nascemos e vivemos nos trilhos,

mas morremos dormentes.

Somos indigentes.

E a vida não é diferente

daquela dos nossos pais.

Somos mar e navio, mas

não temos cais.

Sofremos demais.

Andamos nos ais,

com pés descalços

e almas descamisadas.

Somos

TUDO

dentro de um mundo

de nada.

12 de Fevereiro de 1992

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 14/12/2012
Código do texto: T4035313
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