A Rua da Meia-Noite

A Rua da Meia-Noite

aquieta todos os rumores

para que das janelas cerradas

ouça-se a moça cantar

as águas passadas.

E antes que ao Burgo se chegue

alguém chora uma distância

e pelas brancas paredes caiadas

desenham-se saudades resignadas.

A sombra dissolvida na escuridão

já não modela os corpos amantes,

mas o perfume dos manacás

revela as mãos que se deram

e as lisas pedras do calçamento,

os poemas que se fizeram.

E quando ao Burgo se chega

as rosas de jardins modestos

protegem os Castelos

que são casas e são lares.

Ainda nas mesas jantares descansam

dos apetites saciados

e os corpos cansados

sonham heroicos moinhos decisivos

e amam amores definitivos.

Para Cristina.