VERGONHA

Moro naquele quartinho dos fundos,

Onde o seu orgulho jamais me visitou,

Lá, apenas ouço vozes e imagino como você vive sem mim,

Perguntando-me em que você se transformou?

Dia desses, o vento me trouxe recortes de um velho jornal,

Deu pra te reconhecer...

Tive a confirmação meses depois com "santinhos" espalhados pelo chão,

Você se transformou no “cara”, só agora fui saber...

Ouço vozes; telefone...

Conversas que não consigo decifrar;

Sei que são cifras, dólares, euros...

E, um monte de zeros, difícil de contar.

Essa é a sua vida sem mim...

Não te faço falta;

Não lhe caibo em sua agenda,

Só em seu discurso tenho pauta.

Quando dissertas, arranca aplausos,

Mas de você não tenho saudade;

Prefiro estar aqui sozinho,

Ou quem me dera estar,

Chegou-me agora aqui a sua dignidade.

Que pensei ter vindo me visitar,

Mas sem muito poupar,

Abraçando me falou:

Amiga, que saudades, eu vim pra ficar!

Onde estava não mais me cabe,

Resta-me apenas você pra me consolar.

Hoje já tenho mais amigos que você,

Que anda cada vez mais sozinho...

Ah! Tanto falei que me esqueci de me apresentar:

Eu sou a“VERGONHA”,

Que há muito, sua presunção e seu orgulho me puseram naquele quartinho.

Josegomes
Enviado por Josegomes em 13/12/2012
Código do texto: T4034390
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.