FIM DA LINHA
E o meu caminho
terminou no Cais.
Após, só o mar
e não dá pra voltar mais
- voltar atrás.
À frente, o desafio
branco da gaivota
que vai e volta
à procura de alimento.
À frente, só o amor
e a certeza do céu,
ora azul, ora breu.
Só o mar e a incerteza
de suas águas
-- habitam nelas
riquezas esquecidas
ou monstros inimagináveis?
Existem verdades
ou existem miragens?
À frente, só o destino
que me fez menino
órfão de pai, mãe
e coração.
Sozinho.
Confuso.
-- um intruso
nesta situação.
À frente,
só a intrepidez
ou a loucura.
Tenho a doença,
à frente terei a cura ?
Ou a sepultura?
Só saberei
se tentar
se mergulhar nas águas
escuras deste mar.
E nadar contra as
ondas do tempo
e buscar a verdade,
com braçadas forte
e respirando a tua saudade.
03 de Abril de 1992