estrias do medo
a pedra cospe
som e silêncio
no cruzamento
de duas peles num
entrocamento
de desejo...
...dois sonhos, duas
mentiras se
apalpando no
umbigo do medo...
descofia-se do
amor fácil,
da amorosidade
desmedida, seja
lençol e voo na
cidade e no campo
em cada prateleira
(poi s palavra boa
é aquela sentida...)
não temos uma vida
são outras estradas
e trombadas que
se come e que se caga
nas masmorra do ódio...
dentro do corpo
que varre uma
após outra: não
se escolhe, é escolhido
pelo campo de flor....
que se cega de sangue
que nunca recolhe....
eu peco quando
abro meus olhos
do lajedo da
infância...
no lustre insatisfeito
dos braços de meu
pai que na mesma
janela assiste
o desejo de ser sol...
arejado de chuva
e carcomido no
parapeito da noite...
já incomunicado
de pedregulhos
e musgo, que
na dentada dos
anos, sobrevive
no sono, no
calabouço do
estomâgo, onde
cachorros loucos comem
os fios em nós , um a um...( num ato de amor)
estriados do medo....