No surto do amor

eu peco quando

abro meus olhos

no lajedo da

infância...

no balaústre

dos braços de meu

pai que na mesma

janela assiste

o desejo de ser sol...

arejado de chuva

e carcomido no

papeito da noite...

já incomunicado

de pedregulhos

e musgo, que

na dentada dos

anos, sobrevive

no sono, no

calabouço do

estômago, onde

cachorros mortos

comem (no surto do amor)

os fios, um a um,

estriados do medo....

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 13/12/2012
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