Amigo do Mundo dos Sonhos
Silêncio despejado na noite, brisa refrescante, me leva tão longe
Pr’aquelas matas, tão longe de mim
À beira dos rios, igarapés, águas barrentas e lindas
Prá lá da serra, na umidade da mata sem sol
Onde à noite assusta com tantos ruídos de bichos, vindos de lugar nenhum
Ali dorme agora, exímio jangadeiro, rede imóvel, sono profundo
Pele morena de cobre, cabelo nos olhos escorrendo...
Dia caído na mata, caboclo tranqüilo, pica seu fumo, atento ao canto dos pássaros
E ao andar da jangada, piri-piri, na calma-correnteza do rio
Caboclo bonito, traços finos, olhar sereno, cigarro de palha nos lábios
Quando fala, fala manso, quando canta, canta bonito
Narciso brasileiro, anjo tupiniquim: encanta as caboclas, diverte os curumins
Entende a vida, dela acha graça, anda devagar e sem pressa...
Inspira-me, mestre e amigo do Mundo dos Sonhos, das terras pra lá da serra
Brisa da noite encanto viajante, misture meus sonhos com os teus
Quero ouvir a voz silenciosa que sussurra e galopa nos ventos
Quero ver o que tu vês, quando chove manso e o céu sorri um arco-íris
Quero sentir o que sentes, quando sopras fumaça para o alto
Sem dizer palavra, olhar distante e sereno, e fica a ver a prece-fumaça a subir como que a levar teu sentimento... para a Grande Nação das Estrelas...
Que o brilho de teu olhar, e a plenitude que nele mora, seja o clarão em meu caminho
Que aí no Mundo dos Sonhos, divirtas meu curumim, que mora aqui, dentro de mim, ajudando-me a ver as coisas com olhos de alegria e simplicidade
E quando o Côndor vier buscar-me, segura firme a minha mão, dá-me coragem para voar
E com um sorriso, recebe-me na Terra-Encantada-Onde-Tudo-É-Beleza-E-Paz