861 Reconstrutor de Mundo
Se eu tivesse dinheiro
seria um reconstrutor.
Reconstruiria mundos.
Reconstruiria a casa de minha infância.
A casa reconstruída,
como aquela,
seria em ‘ele’.
Haveria quatro quartos,
duas salas,
a cozinha com fogão à lenha
e sua janela que me fazia temer
os ladrões
e os monstros noturnos
por vê-la tão frágil,
o banheiro com sua banheira alva
- imensa jarra para as flores de finados -,
a dispensa com sua janela
por onde contemplava a chuva que caia,
a enorme varanda
- mundo de brincadeiras -,
O tanque com sua enorme caixa-d’água,
O barracão
- mundo de imaginação -,
o jardim,
a horta,
o pomar...
descubro, então, que não preciso
de dinheiro para reconstruir
um mundo que seria semelhante
nas formas físicas,
mas seria falso e não legítimo.
tenho a memória
onde tudo está guardado
com a imaginação.
Quando a saudade me assalta,
visito o mundo de minha infância.
Reconstruo as pessoas e as coisas.
Sou um reconstrutor
de mundos passados.
Ramalhete de Imaginação.
Leonardo Lisboa – Barbacena, 17/11/2000
Poema 861 – Caderno: Poesia Efervescente.