Poemas mentem?

Quantos poemas tão pobres de rimas, quase sem ritmo,
Filhos de penas falam tão somente de amores proibidos,
De amores bandidos, vagabundos...
Quantos não maquiaram de cetins
O algodão roto de certos leitos?
Quantos não eram poemas sonhos,
Desejos poemas, dum poeta louco?
Calem-se tais penas...
Para que tais poemas não falem tão somente
De braços que nada abraçam,
Lábios que fingem beijos,
Que de tão falsos, não tem cor, nem sabor!
Não seriam tais versos, melhores se falassem de desamor?
A pena dum poeta também mente?
Mascará a dor que este traz no peito,
Dissimulando a solidão de dias e noites inteiros...
Vêem corpos esguios, de cabelos esvoaçantes,
Olhos agateados, languidos lábios, macios seios,
No lado da cama, sempre vago, onde em realidade,
Da pessoa que causa tantas saudades,
Não há rastros... Marcas... Nem um frio esqueleto!

Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
10/12/2012