ANTEONTEM

Naquele tempo de anteontem

Os amigos eram mais leais

A água mais cristalina

O vento não tão voraz

Cobri-me de nostalgia

Virtualizando alegria

Do que, sequer em um dia,

Consegui experimentar

Cerrei então os meus olhos

Não vi o meu trem passar

Quando os deixei abertos

No vácuo, não me encontrava

Já cheio de lembranças

Que a mente revirava

Mesclei antes com agora

Enquanto em feitos pensava

Voar idealizado, perigoso

Cobrindo o meu presente

Que de pouco preservado

Parece-me deprimente

Só que este tempo presente

De presente me foi dado

Por torpe disposição

Dele venho esquivado

Escondido, naufragado

Engolido por passado

Onde só afluem os erros...

... Mas e o que venho tentado?

Nos sonhos desvencilhados

Com o mundo todo nas mãos

E pela vida, anulado?

As dúvidas me lancinaram

Cego, então, permaneci

Hesitando em palavras

Esperando milagres

Vivendo em distinto mundo

Oculto de inverdades

Os não-feitos, não fiz

Os malfeitos, isolei

Estilhaços, remendei

E de momentos perdidos

Por vida, até então, passei.

Deperiret Sonus
Enviado por Deperiret Sonus em 11/12/2012
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