O Beijo (Caça e Caçador)

A noite

Doce bela e sombria

A lua

Deusa mais nobre que a vida

O perfume da dama que vaga sozinha

Odor cálido e casto que inebria

Olhos tementes... olhos ardentes

Presa indefesa ou armadilha latente?

Não há tempo... não há espaço para dúvida

Caçador outrora frio

Tomado pela fúria de tê-la para si

Desejo quente, sombrio e mortal

Ele avança silencioso como a sombra

Leve e sutil como vento

Andar lascivo felino imponente

Para sua presa defrontar

Caça e caçador frente a frente

Olhos profundos, luxuriosos contra olhos tementes

Desviantes... receosos, desejosos daquilo que a espera

Impotente frente ao desejo que tenta velar

Ele

Agora calmo como águas paradas

Sedento da vida que dela exala

Ouvindo o sangue dela a pulsar

Ela

Já não mais temerosa

Domada pelo olhar que a encara

Faces rubras devido ao seu palpitar

A boca dele, sedenta, de encontro à pele macia

Sob a qual corre o rio da vida que pretende tomar

...

(o mundo para em um momento de silêncio)

Com um beijo longo e profundo

Em seu pescoço lânguido e puro

A vida dela em um doce fluxo

O deleite dele...

A entrega dela...

Bela e fera em momento singular

Caça e caçador...

O beijo no qual tudo se encerra

W Nophelim
Enviado por W Nophelim em 11/12/2012
Reeditado em 11/12/2012
Código do texto: T4030442
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