[Versando-me]
Sou comum: tenho talento para nada,
e se eu escrevo, é apenas para
versar as minhas circunstâncias...
Minha trajetória não sabe de esperas:
nada antes,
frágil incerteza durante,
e nada depois...
Para não tropeçar,
eu parei de contar estrelas,
os meus versos são terrestres —,
piso onde apenas olho,
ponho palavras só onde piso —
beiradeando o abismo,
embarco naquele trem expresso:
eu verso para o Nada!
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[Desterro, 11 de dezembro de 2012]